quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A visão dos traficantes de escravos europeus sobre os cativos africanos

Prof.  André Pereira Rocha
Analista  PIP CBC - História
SRE Caxambu

Título: A visão dos traficantes de escravos europeus sobre os cativos africanos.

Ano: 6º ano

Tópico/Habilidade:  4 - Povos Africanos / 4.1 - Identificar a diversidade étnica, espacial e cultural dos povos africanos. e 4.3 - Problematizar a existência da escravidão na África antes da expansão marítima europeia. 

Objetivos:
- Trabalhar com imagens e textos acerca do tema.
- Relacionar os pontos de vista sobre a escravidão e o entendimento de etnias entre europeus e africanos.
- Reconhecer a diversidade étnica entre os africanos escravizados.

Aulas Previstas: 1 aula

Recursos: A aula prevê a análise de uma imagem e a leitura de um texto. Assim, por questões pedagógicas, seria preferível que a imagem fosse projetada utilizando um computador, já que uma fotocópia não possibilitaria uma visualização boa. O texto pode ser fotocopiado e distribuído para cada aluno.

1º Momento: Para o início da aula, é importante o professor introduzir os procedimentos da aula, pontuando primeiramente a análise de uma imagem acerca do embarque de cativos africanos para o tráfico e da leitura de um texto que expõe a visão dos europeus sobre os africanos que chegavam ao Brasil.

A imagem utilizada para a análise é uma obra que expõe o embarque de africanos escravizados no litoral do continente. A imagem segue abaixo.

Mussé de la Compagnie des Indes, Lorient Citadelle de Port-Louis, França.

Uma das primeiras questões que pode ser levantada pelo professor e pedir para os alunos falarem o que eles veem na imagem exibida. É indispensável que o professor oriente a análise, frisando os principais pontos que devem ser notados na obra, como os navios ao fundo e africanos levando escravos para o embarque no primeiro plano. Abaixo seguem algumas questões pertinentes à obra:

- O que vocês veem na imagem?
- Podem descrever o que acontece?
- Quem são as pessoas no primeiro plano da obra? O que elas estão fazendo?
- Quem utilizava embarcações, nos séculos XVI a XIX, como as vistas no último plano?

Busque pontuar com os alunos a existência de escravos entre os próprios africanos. Exponha algumas formas de escravização na África, como as guerras entre etnias diferentes ou secas. Ressalte o ponto de etnias distintas. Se for o caso, defina melhor o conceito com os alunos.


2º Momento: Após a análise da obra, inicie a leitura do texto como os alunos.

"Nações e etnias atribuídas aos africanos escravizados

Agrupadas no que os colonizadores portugueses chamaram de minas, cabindas, congos, cassanjes, angolas, benguelas e moçambiques, entre outras designações, estavam pessoas vindas de várias aldeias ou reinos, e falantes de línguas diferentes, apesar de terem alguma semelhança entre si. Mas os comerciantes, administradores coloniais e senhores que punham os escravos para trabalhar não percebiam as diferenças entre os africanos, identificando-os principalmente a partir do porto em que foram embarcados (como Cabinda), da principal feira em que foram comprados (como Cassanje), ou do nome da região onde esses pontos de comércio se encontravam (como Angola).

Mas ao lado desses nomes que identificavam nações, juntando num mesmo grupo pessoas vindas de sociedades diferentes, também apareciam nomes referentes a grupos culturais particulares, como ambundos (habitantes do reino do Dongo), anjicos (como eram chamados pelos portugueses os habitantes do reino Tio), ardas (do reino de Alada) ou hauçás (das cidades-estado do Sudão Central). Além dos nomes de nação, atribuídos pelos colonizadores e geralmente adotados pelos africanos, e dos nomes de etnias, que sobreviveram à travessia do Atlântico e continuaram sendo usados na América, havia ainda os nomes criados no Brasil para designar povos com língua, religião ou costumes semelhantes. Assim, malês era o nome dado aos africanos islamizados do Sudão Central e ocidental, nagôs eram os iorubás da região do reino de Oió e das cidades-estado costeiras e jêjes os que habitavam mais a ocidente, na região do reino do Daomé.

Nomes de nações ou de etnias são sempre formas de atribuir uma identidade particular a um grupo, indicando que ele tem tradições, maneiras de se comportar, de pensar e de falar que lhe são próprias e o distinguem dos outros. Aos poucos diminuíram as diferenças entre os vários africanos escravizados trazidos para o Brasil, onde passaram a conviver entre si em com os senhores de ascendência portuguesa, surgindo então uma cultura afro-brasileira, em que as diferenças étnicas ficaram em segundo plano."

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano.  São Paulo: Editora Ática, 2007. p. 62.

Inicie a discussão do texto questionando os alunos acerca do principal ponto abordado. Busque a ideia do ponto de vista dos europeus e brasileiros frente aos africanos. Pontue as diferenças de nomeação dos africanos cativos na África e no Brasil. Centre sempre na ideia do não reconhecimento das designações africanas. O objetivo é fazer com que os alunos falem o máximo possível acerca do texto, se for o caso, retome algumas partes com eles.

Para aproximar a compreensão dessas diferenças utilize exemplos simples, como por exemplo, pergunte quem na sala é mineiro. Posteriormente, pergunte se eles conhecem outros mineiros de outras cidades e questione se todos são iguais ou pensam do mesmo jeito. Enfatize que mesmo pessoas que nasceram e têm a mesma cultura são diferentes entre si, assim como os africanos na África. Muitos outros exemplos podem ser utilizados para ajudar da compreensão das diferenças entre os alunos.


3º Momento: Volte a discussão com a imagem, destacando ainda mais as diferenças entre os africanos e as causas da escravidão da África. Retome alguns questionamentos junto aos alunos, principalmente à cena principal da obra, do qual africanos estão levando cativos para o embarque.

Por fim, o professor ainda pode desenvolver uma questão para que os alunos possam responder. A ideia inicial é que eles construam argumentos acerca do tema e falem, mas ao final, um trabalho escrito também pode ser desenvolvido, dependerá das estratégias usadas pelo professor em sala. Utilize uma pergunta que faça com que os alunos desenvolvam um raciocínio, e não somente respondam de forma pontual. Uma questão que poderia ser utilizada é

- Após a análise da imagem e da leitura do texto, como pontemos contextualizar as etnias africanas na África e na América colonizada? Elas eram todas iguais e todos as reconheciam da mesma forma?


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