quarta-feira, 20 de março de 2013

Pluralidade na organização indígena no Brasil da época do Descobrimento

André Pereira Rocha
Analista PIP CBC História
SRE Caxambu

Título: A pluralidade na organização indígena no Brasil da época do Descobrimento

Ano: 6º Ano

Tópico/Habilidade: 5. Os povos indígenas:  diversidade e migração / 5.1 - Analisar e compreender as especificidades e complexidades dos povos indígenas brasileiros à época de sua “descoberta” pelos europeus: origens, movimentos migratórios e diversidade lingüístico-cultural. e 5.2 - Diferenciar as principais “nações” indígenas brasileiras, especialmente as reconhecidas como presentes em Minas Gerais: Pataxó, Xacriabá, Krenak e Maxacali Caxixó, Aranã Paulíararu, Xucuru, Kariri.

Objetivos:
- Analisar textos e imagens acerca da presença indígena no Brasil antes e depois de Cabral.
- Analisar a visão dos europeus acerca das formas de organização indígenas.
- Relacionar a pluralidade da época do Descobrimento com a da atualidade.
- Reconhecer as diferenças, levando em consideração o tronco linguístico, entre os diversos povos indígenas.

Aulas Previstas: 3 aulas

Recursos:
Para esta aula, o professor deve entregar a cada aluno uma fotocópia com todos os trechos abaixo, retirados do livro "Os índios antes do Brasil". Para melhor visualização, um projetor deve ser usado para a apresentação das imagens já que sua visualização em pequena escala ou em fotocópia poderia prejudicar as atividades aqui propostas. O material está organizado na ordem em que devem ser usados.


Texto 1
"(...) o fato é que o litoral era dos Tupinambá e dos Guarani quando o Brasil foi descoberto. Esses dois blocos, contudo, não formavam duas grandes unidades políticas regionais: estavam divididos, nas palavras dos cronistas, em várias "nações", "castas", "gerações" ou "parcialidades", algumas aliadas entre si, outras inimistadas até a morte."
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000, p. 74.


Mapa 1
Indígenas antes da chegada dos Europeus
Fonte: http://novahistorianet.blogspot.com.br


Mapa 2
Presença Indígena na costa brasileira a época do Descobrimento
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br



Mapa 3
Povos Indígenas do Brasil na época do Descobrimento
Fonte:http://1.bp.blogspot.com/_VjVboWJ6Vhs/TSN83Ekj3CI/AAAAAAAAAJw/3TuOEKYBWAY/s1600/TRIBOS%257E2.JPG


Texto2
"Várias aldeias ligadas por laços de consanguinidade e aliança mantinham relações pacíficas entre si, participando de rituais comuns, reunindo-se para expedições guerreiras de grande porte, auxiliando-se na defesa do território. As aldeias aliadas formavam núcleos de interação mais densa, nexos políticos no interior desses conjuntos maiores, designados na literatura como Tupiniquim, Tupinambá, Temomino e assim por diante. A realidade desses macroblocos populacionais, contudo, é incerta. Não sabemos como se distinguiam uns dos outros, nem como mantinham uma identidade comum. Qual era, por exemplo, a ligação com um determinado território? Qual a relação entre os Tupinambá do Rio de Janeiro e da Bahia, ou entre os Tupiniquim de São Paulo e do Espírito Santo?"
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000, p. 76


Texto 3
"Tampouco havia chefes com poder supralocal. a estrutura da chefia era tão difusa e fragmentária quanto a das unidades sociais. Havia aldeias com um só chefe e outras em que cada maloca tinha um 'principal'; um deles poderia ganhar prestígio e se fazer ouvir mais que outros. em tempos de paz, porém, eram equipotentes, e as decisões políticas eram tomadas coletivamente pelos homens adultos. É possível que entre os Guarani a situação fosse algo diferente; alguns cronistas espanhóis os descreveram como divididos em províncias submetidas a um cacique principal e denominaram agregadas de aldeias como cacicazgos. Contudo, minha impressão a despeito da possibilidade de maior territorialização e centralização político-religiosa na área guarani, é de que a gente de Castela tinha mania de províncias e cacicados, projetando reinos por onde quer que andasse."
FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000, p. 77-78



Mapa 4
Povos indígenas hoje no Brasil
Fonte: http://josueldocunha.blogspot.com.br/2011/06/historia-do-brasil-culura-indigena.html



1º Momento:
Na primeira aula, o professor deve entregar as cópias com os trechos do livro "Os índios antes do Brasil" para todos os alunos e pedir para que eles façam uma leitura silenciosa. Neste momento, o professor deve direcionar os alunos a sublinharem as palavras que eles não conhecem o significado. Seria interessante se todos pudessem ter acesso a mini-dicionários para auxiliar na compreensão do texto. Caso a escola não possua material suficiente para todos, o professor pode preparar um glossário com as principais palavras que ele acredita que os alunos terão dificuldade, colocando junto à cópia entregue a eles.

Após a leitura de todos os trechos, primeiramente, discuta com os alunos acerca do que eles conhecem da cultura indígena. É importante ter noção do conhecimento prévio, pois ele auxiliará o direcionamento da aula. Após isso, leia junto com os alunos o primeiro trecho disponibilizado, o Texto 1. O objetivo desta aula é fazer com que os alunos falem o máximo possível acerca do que compreenderam dos textos e dos mapas. Assim, o professor deve criar um ambiente propício para esse propósito. Após a leitura, procure formular questões que instiguem os alunos a falar o que o autor está querendo com o texto. Após algumas respostas, mostre o Mapa 1 disponível e faça com que os alunos apontem o que está escrito no texto relacionando-o com o mapa. Caso haja dificuldade para a resolução das perguntas feitas, auxilie na compreensão, traçando uma linha de raciocínio juntos, sem necessariamente dar a resposta direta.

Explique, posteriormente, que as grandes divisões existentes entre os indígenas brasileiros é feita através do tronco linguístico e não da cultura desses povos. Então, povos de um mesmo tronco podem ter culturas bastante diferentes entre si. Após essa breve explicação, se possível, mostre os Mapas 1 e 2 ao mesmo tempo na projeção. Peça para eles relacionarem os dois mapas, apontando as diferenças e as similaridades, e lembre-se sempre de fazer a correlação ao Texto 1. Auxilie na análise, caso haja dificuldade, mostrando que o Texto 1 faz referência as diferenças nos dois mapas, que apesar das divisões em grandes povos indígenas, na verdade, existem milhares de culturas diferentes entre eles. Na época do Descobrimento, os portugueses não entraram em contato com um, mas com diversos povos diferentes no Brasil.



2º Momento
No primeiro momento, o objetivo era analisar as diferenças entre os povos indígenas, não havendo somente um com que os portugueses entraram em contato. Após compreender essa pluralidade, o foco se voltará às diferenças de compreensão, mais especificamente nas visões que os europeus tinham com relação à organização política desses povos.

Para iniciar a aula, o professor pode comparar os mapas 1 e 3, relembrando as questões da língua e da cultura, reforçando a ideia de que o terceiro explicita ainda mais as diferenças entre as línguas de mesmo troco. Lembre-se que o foco é fazer com que o aluno seja proativo, questione-os sempre.

Após a comparação dos mapas, siga para a leitura do Texto 2 junto aos alunos. Novamente questione-os acerca de suas principais impressões do trecho, sempre direcionando para a questão da imprecisão que temos com relação às organizações indígenas à época do Descobrimento e à cultura desses povos. Perguntas pertinentes poderiam ser:

- Todos os indígenas tinham as mesmas práticas?
- O autor saber exatamente como era a cultura e a organização política desses povos? Onde no texto podemos ver essa afirmação?
- Sabemos como esses povos se distinguiam?



3º Momento
Com o Texto 3, aprofundaremos ainda mais as questões políticas especificando sua figura central: o cacique. Mais uma vez, leia o texto junto com os alunos e questione a posição do autor com relação aos líderes. Aponte as diferentes funções e, principalmente, a visão dos europeus com relação à essa organização.

Podemos ainda utilizar esse texto para comparar a organização indígena no Brasil antes do Descobrimento com a organização de Portugal nos séculos XV-XVI. Essa comparação é essencial para mostrar aos alunos como, normalmente, as pessoas impõe visões e interpretações da realidade. Muito da História Indígena do Brasil foi construída sobre as visões dos portugueses e não necessariamente sobre o que os índios nos passaram. Isso se refletiu nas interpretações que tiveram e que temos hoje dessas sociedades. Sempre tentavam achar referências de suas organizações e estruturas em outros povos. Especifique bem que o conceito de "cacicado" foi construído por europeus, principalmente espanhóis, e não pelos povos indígenas, para explicar as organizações que existiam aqui no continente.

Com Mapa 4, devemos direcionar o olhar dos alunos para a compreensão da presença indígena ainda existente no Brasil, maior em algumas regiões e menor em outras. Podemos comparar esse mapa com os outros usados durante o trabalho para analisar a presença de determinados povos em relação à presença atual dessa população. Devemos ressaltar que há uma grande diferença entre as organizações antigas e as atuais das aldeias. Podemos pedir, ainda, que encontrem as principais tribos presentes no estado de Minas Gerais. Como o mapa usado não tem os estados delimitados, o professor deverá intervir caso necessário.

Por fim, podemos ajudar os alunos a sintetizarem suas análises em um texto redigido com o auxílio e direcionamento do professor. Estruture pontos básicos que todos devem ressaltar na produção, como a diferença entre os povos indígenas brasileiros, a visão construída pelos europeus acerca da organização e relação entre esses povos e, principalmente, sobre as ideias políticas que os espanhóis e portugueses criaram para explicar as estruturas políticas existente. Mas atenção, não seria viável somente um resumo do conteúdo, os alunos devem sintetizar todas as análises feitas por eles e pelo professor em seus trabalhos. Para isso, o auxílio na organização das ideias e para montar o corpo pelo professor é essencial para as crianças.

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