segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ocupação litorânea de colonos portugueses no Brasil do século XVI.

André Pereira Rocha
Analista PIP CBC História
SRE Caxambu

Título: Ocupação litorânea de colonos portugueses no Brasil do século XVI.

Ano: 7º Ano

Tópico/Habilidade:
8. O “sistema colonial” e a realidade efetiva da colonização: política metropolitana versus diversificação econômica e interesses locais / 8.2. Analisar as contradições inerentes ao funcionamento do “sistema colonial” como projeto metropolitano que foi constantemente frustrado pelas especificidades e diversidade da América Portuguesa. 

Objetivos:
- Analisar as especificidades da colônia e da metrópole portuguesas.
- Pontuar e explicitar os principais argumentos presentes no texto.
- Sintetizar as principais ideias e conceitos postos em aula.

Aulas Previstas: 1 aula.

Recursos:
O texto deverá ser entregue a cada aluno para o acompanhamento da aula.


TEXTO

"À Beira-Mar

O século XVI brasileiro foi o século da praia. Já os tupis haviam preferido a costa do mar para viver. Os portugueses fizeram o mesmo. Foi dito que pareciam caranguejos: apenas sabiam viver sobre a areia.

O que faria com que eles voltassem a atenção para o oeste foram histórias contadas pelos índios a respeito de riquezas sem tamanho existentes por lá, além do mato e da montanha. Seriam cordilheiras, lagoas inteiras de ouro e de prata, à disposição de quem chegasse primeiro. Mas isso demorou.

O próprio rei não queria seus preciosos colonos longe do mar, embora precisasse muito de prata e de ouro. Mas Portugal, com apenas um milhão de habitantes, mais ou menos, alargara muito os seus domínios pela África e a Ásia e entrava pela América. Não dispunha de gente bastante para sustentar a posse de tamanha vastidão de terras e águas. E espanhóis, franceses, ingleses e holandeses disputavam partes desse império. Era preciso estar presente onde esses rivais pudessem aparecer. O Brasil, por exemplo. Portanto, convinha manter na beira-mar, por centenas e centenas de quilômetros, os poucos colonizadores voluntários ou mandados especialmente para assegurar esse domínio. Desenvolveriam e defenderiam as feitorias, os fortins, os vilarejos. Descobriram e mandariam para Portugal as potenciais riquezas da colônia. Em nome do rei, Mem de Sá chegou a proibir, sob pena de morte (e ela veio a ser cumprida), que os colonos fossem para o sertão, seguindo velhas trilhas indígenas."

DONATO, Hernâni.  O Cotidiano Brasileiro no Século XVI. São Paulo: Cia. Melhoramentos, 1997,  pág. 8-9.



1º Momento

Após todos os alunos receberem suas cópias do texto, o professor deve iniciar com algumas questões básicas. A ideia aqui é trabalhar com a prática didática de Pausa Protocolada, assim, o texto deve ser lido e trabalhado com os alunos aos poucos, ponto a ponto. Indagações acerca do título podem iniciar as discussões e servirá, principalmente, para que o professor consiga visualizar o conhecimento prévio dos alunos acerca do tema. Este conhecimento guiará grande parte da aula.

O ideal é trabalhar as principais ideias de cada ponto do texto, não sendo muito apropriado ler grandes partes. A cada parada, os alunos devem ser questionados sobre o que conhecem e, mais ainda, acerca da forma como acham que as coisas aconteciam. Deve haver o espaço para a construção gradativa do conhecimento deless a partir das exposições. O professor deve evitar grandes explanações aqui, fazendo-as somente no momento em que eles não conseguirem visualizar possibilidades de respostas.

Após cada conclusão realizada em conjunto o professor deve delimitar melhor os conceitos trabalhados. Alguns deles são essenciais, como litoral, sertãofeitorias, fortes e vilas. O professor deve focá-los, levando com consideração a compreensão das primeiras formas burocráticas de ocupação dos portugueses em terras brasileiras.

Um possibilidade também interessante é o professor orientar os alunos a sublinharem as principais ideias do texto após a leitura e a discussão de cada ponto. Isso deve ser auxiliado com cuidado, já que muitas vezes eles  têm dificuldades na realização dessa atividade. O professor deve delimitar o que realmente quer que os alunos delimitem com os sublinhados.


2º Momento

Num último momento, que pode ser realizado como um trabalho a ser entregue à outra aula, o professor pode delimitar alguns argumentos que auxiliem os alunos a sintetizarem os conhecimento discutidos em aula. Um ponto interessante seria partir do argumento posto na última frase do texto, como por exemplo

- Por que Mem de Sá proibia com pena de morte a ida de colonos para o sertão?

Muitas outras podem se seguir a partir dela:

- Por que Portugal tinha dificuldades em ocupar o territórios de suas colônias?
- Por que o interesse dos portugueses sobre as histórias dos indígenas que falavam de ouro e prata?

O professor deve levar em consideração que nem todas as questões postas para os alunos devem levar em consideração somente informações explícitas no texto. Algumas delas devem sim ser trabalhadas, mas o mais importante é levar em conta o que foi discutido entre todos em sala de aula.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Contestação do Poder Monárquico pelos Movimentos Emancipacionistas Brasileiros dos séculos XVIII e XIX.


André Pereira Rocha
Analista PIP CBC História
SRE Caxambu

Título: Contestação do Poder Monárquico pelos Movimentos Emancipacionistas Brasileiros dos séculos XVIII e XIX.

Ano: 8º Ano

Tópico/Habilidade:
11. Revoluções liberais: industrial, americana e francesa / 11.2. Conceituar historicamente no contexto das revoluções: república, liberalismo e cidadania.
12. Inconfidências e Brasil Joanino: movimentos de contestação e reorganização da relação metrópole/colônia. / 12.1. Caracterizar e analisar os diversos movimentos políticos no Brasil de fins do século XVIII e início do século XIX.
13. A Revolução de 1817 e a Independência - 13.1. Perceber a constituição de uma identidade brasileira, entre fins do século XVIII e início do XIX, em paralelo com as identidades locais (mineira, pernambucana, baiana, paulista, etc.) e com a identidade portuguesa.


Objetivos:
- Analisar os principais conceitos em relação ao Iluminismo e a contestação do poder monárquico.
- Relacionar os movimentos brasileiros ao pensamento político da época.
- Estabelecer parâmetros entre o funcionamento de uma Monarquia e de uma República.

Aulas Previstas: 2 aula

Pré-Requisitos: O conhecimento prévio das monarquias absolutistas da Europa auxiliaria na compreensão da aula aqui exposta, já que o ponto inicial começa sobre a crítica a este regime.

Recursos: O professor pode projetar as duas imagens. A bandeira dos Inconfidentes é para ilustrar a perpetuação da ideia. Caso isso não seja possível, deve-se entregar uma cópia para cada um ou utilizar o mapa que existe no livro didático. Já os textos, eles devem ser fotocopiados e separados, mas deve haver uma cópia de cada um para cada aluno ao final.



IMAGEM I
Bandeira atual de Minas Gerais
Tradução: "Liberdade mesmo que tardia." (Tradução comumente feita)



IMAGEM II
Possível bandeira criada pelos inconfidentes (1789)



TEXTO I
"Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! (Escute o saber!) Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.".
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?. 1784. pág. 1.


TEXTO II
"Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões."
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?. 1784. pág. 2.


TEXTO III
"Mas o modo de pensar de um chefe de Estado que favorece a primeira vai ainda além e compreende que, mesmo no que se refere à sua legislação, não há perigo em permitir a seus súditos fazer uso público de sua própria razão e expor publicamente ao mundo suas idéias sobre uma melhor compreensão dela, mesmo por meio de uma corajosa crítica do estado de coisas existentes. Um brilhante exemplo disso é que nenhum monarca superou aquele que reverenciamos."
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?. 1784. pág. 5.

Texto integral disponível em http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/b47.pdf



1º Momento:

De início, o professor deve levar um problema aos alunos: o que significa a bandeira de Minas Gerais. Deve-se buscar o máximo de informações possíveis dos alunos, principalmente, com relação aos dizeres contidos nela e do porquê utilizarmos ela. Isso pode ser feito tanto projetando a imagem quanto utilizando as disponíveis nos livros didáticos dos alunos. Questionamentos possíveis poderiam ser:

- Por que o estado de Minas Gerais tem essa bandeira?
- Por que usamos ela? O que isso tem haver com a Inconfidência Mineira?
- Alguém sabe o que quer dizer a frase posta da bandeira?
- Por qual motivo temos uma bandeira com os dizeres "Liberdade mesmo que tardia"? O que isso quer dizer? Como se relaciona aos Inconfidentes?

Após a exposição dessas inúmeras questões, o professor deve explanar acerca dos Movimentos Emancipacionistas que ocorreram no Brasil nos séculos XVIII e XIX (Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana, Revolução Pernambucana, até mesmo Confederação do Equador) e relembrar o contexto histórico do período, pontuando principalmente que apesar das diferenças regionais e do processo de cada uma, todas elas tiveram em comum um pensamento específico: o pensamento iluminista e a proclamação de Repúblicas.


2º Momento:

Para prosseguir, divida as cópias dos três trechos do texto "O que é Esclarecimento?", de Kant, e forme três grupos de alunos em sala de aula. Cada aluno receberá um destes trechos. Não é necessário separar ou pontuar rigidamente esta divisão, basta entregar os três textos fazendo com que cada grupo fique com um. Ao fim da aula, todos eles devem receber os trechos faltantes.

Após a entrega, o professor deve pontuar quem foi o filósofo Immanuel Kant, focando principalmente seu pensamento iluminista e qual é o objetivo deste texto especificamente. Caso o professor não o conheça, há o link acima com o texto integral.

Com a introdução ao autor feita, o professor deve pedir para que um aluno que tenha o TEXTO I leia em voz alta para a sala. Em cada leitura, o professor deve questionar o que os alunos entenderam de cada trecho. Existindo a dificuldade, o professor deve refazer a leitura explicitando e explicando parte a parte até que todo ele seja compreendido. Seria também interessante se cada aluno sublinhasse as palavras mais importantes que ele acha que estão no texto, para serem retomadas posteriormente. Este pedido, pode ser feito após o auxílio na interpretação do professor, sendo feito também com os TEXTOS II e III.

O essencial que deve ser pontuado nestes trechos é a autonomia que o autor acredita que cada homem deve ter por si só, a liberdade como ponto fundamental dessa autonomia, a dificuldade de Estados (no caso do texto, as monarquias) têm de aceitarem tal características nos indivíduos e, principalmente, que tal patamar de esclarecimento e compreensão da situação só é possível através da razão do homem.


3º Momento:

Com a discussão acerca das características da bandeira de Minas Gerais e com a leitura dos trechos do texto de Kant, o professor deve agora auxiliar os alunos a sintetizar os dois contextos. Questões possíveis para debate são:

- Em quais pontos as características que encontramos na bandeira de Minas Gerais se parecem com as descritas no texto do filósofo iluminista Kant?
- A liberdade, exposta tantas vezes nos trechos do filósofo, é a mesma liberdade que aparece na bandeira de Minas?
- Quais eram os principais problemas que fizeram com que aparecessem os Movimentos Emancipacionistas? Com o quê eles se relacionam com o TEXTO III?

O objetivo é fazer com que os alunos consigam inserir os dois contextos numa mesma ideia: o de contestação do Estado Monárquico a partir da ação de homens esclarecidos e que têm compreensão de suas necessidade políticas.


4º Momento:

Ao fim, para sintetizar as discussões e discutir as estruturas políticas, o professor deve construiu um quadro junto aos alunos para estabelecer os principais parâmetros de discussão acerca do assunto. O professor deve levar em consideração acerca do que eles conhecem do funcionamento do governo republicano hoje e correlacionar como base com o dos emancipacionistas a partir dele.

O quadro deve ser construído junto aos alunos, com base em suas respostas e buscando deles o que acham do funcionamento de cada estrutura e retomando sempre todos os aspectos discutidos anteriormente. Abaixo, segue uma sugestão de como isso pode ser montado. O preenchimento busca explicitar os pontos principais, mas as respostas devem ser discutidas com todos, ponto a ponto, focando principalmente a diferença que existia entre elas na época e do porquê do desejo de mudança de um para outro.

Século XVIII
Pensamento Monárquico
Pensamento Emancipacionista
Pensamento
Absolutista (Ressaltar que não foi igual em todos)
Iluminista (Liberal)
Governo
Monarquia
República (Democracia)
Poderes do Governo
Reunidos na figura do rei
Divididos em Executivo, Legislativo e Judiciário
Voto
Parlamento (Aristocracia)
Ressaltando que não existia em todos os países monárquicos.
Cidadãos
Economia
Mercantilista
Liberal